Ministério Público Federal Investiga Compra De Veículos Blindados Pela Polícia Rodoviária Federal | Descomplica 365

Publicado em 16/06/2023 23:22

O Ministério Público Federal está conduzindo uma investigação sobre a compra de veículos blindados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), que pode ter ultrapassado o valor de R$ 100 milhões, sendo que alguns desses veículos nunca foram utilizados.

A empresa responsável pela venda da maioria dos blindados fez uma apresentação de um dos veículos na sede da PRF em Santa Catarina em 2022. Na ocasião, o então diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, e o ministro da Justiça na época, Anderson Torres, estavam presentes na cerimônia e chegaram ao local dentro de um blindado da Combat Armor.

Silvinei Vasques é mencionado como responsável pela aprovação de contratos com a Combat Armor durante seu período como superintendente regional da PRF no Rio de Janeiro.

Dos 29 veículos blindados fornecidos pela empresa para essa superintendência, de acordo com os registros, nove estão parados no pátio da sede da PRF, localizada na Zona Norte da cidade. Cinco desses blindados são de operações especiais, conhecidos como “caveirões”, que chegaram a custar quase R$ 1 milhão cada. Todos os veículos exibem o símbolo da Combat Armor, a empresa fornecedora.

A Combat Armor é uma empresa sediada nos Estados Unidos e é de propriedade de Daniel Beck, apoiador do ex-presidente Donald Trump. Beck esteve em Washington durante a invasão ao Congresso americano em janeiro de 2021.

No Brasil, a empresa é administrada pelo empresário Maurício Junot de Maria, que já atuava no setor de blindagem. A Combat Armor entregou veículos para a Polícia Rodoviária Federal em quatro estados e no Distrito Federal nos anos de 2020 e 2021.

De acordo com os registros de licitação, foram adquiridas 69 unidades, sendo 12 “caveirões” e 51 veículos chamados de “caveirinhas”. A própria PRF afirma que não possuía veículos blindados em sua frota até 2018.

O Ministério Público Federal abriu um inquérito para investigar a compra dos veículos blindados pela PRF. O núcleo de controle externo da atividade policial do MPF suspeita de fraudes nos processos de licitação e questiona a necessidade da aquisição desse tipo de veículo. A investigação também busca esclarecer se existe alguma relação entre o ex-diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, e a empresa Combat Armor.

Silvinei se aposentou da Polícia Rodoviária Federal em dezembro de 2022, quando já estava sendo processado por improbidade administrativa devido ao uso indevido do cargo para fazer campanha para Jair Bolsonaro. Ele também está sendo investigado por operações da PRF que dificultaram o deslocamento de eleitores no segundo turno das eleições.

O Ministério Público Federal estima que as negociações entre a PRF e a Combat Armor podem ter ultrapassado a marca dos R$ 100 milhões. Segundo o Portal da Transparência do Governo Federal, a empresa recebeu mais de R$ 30 milhões em 2020 e 2021.

Durante uma inspeção no pátio da PRF no Rio de Janeiro, o procurador Eduardo Benones não encontrou todos os veículos blindados que foram adquiridos pela superintendência. O procurador ficou surpreso ao constatar que os veículos considerados de operações especiais, os “caveirões”, nunca foram utilizados.

“Já não pareceria de muito bom senso ver a Polícia Rodoviária Federal municiada com tantos blindados chamados ‘caveirões’, no jargão policial. A gente achou um arsenal condizente com o de uma unidade militar das Forças Armadas. Não necessita”, afirmou o procurador Eduardo Benones, do MPF.

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